Jakeline
De Souza
Resumo
Nesta palestra,
realizada para doutorandas/os do Programa de Pós Graduação em Sociedade e Cultura na
Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas, apresento um debate sobre as
negociações entre sujeitos sociais, antropólogas/os e “nativos”, para a
realização das etnografias, como pressuposto à orientação epistemológica da
produção de conhecimento em Antropologia. Chamo atenção para a interdependência
entre produção de conhecimento e relações sociais a partir das análises dos
“pesquisados” sobre as estratégias antropológicas para a produção de
conhecimento, conforme apresentadas na etnografia “Yepá Bahuari Mahsô Cria o Mundo e a Antropologia. Uma Etnografia do
Conhecimento entre Indígenas “Tukanoan” e Filhos do Candomblé Cruzado com
Umbanda, desde Manaus”, aprovada
em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da
Universidade Federal de Santa Catarina. Evidencio no texto que a tensão para a
relação sujeito/objeto do conhecimento acontece desde a origem da Antropologia,
mais especialmente das etnografias, e chamo atenção para o fato dos interesses
dos “pesquisados” orientarem as negociações em pesquisa. Esses interesses indicam
pressupostos constitutivos de uma socialidade “nativa” que, em diálogo com os
contextos sociais e antropológicos implicados, apresentam estratégias para a
produção de um conhecimento que mude o “Mundo da Antropologia”. Os resultados
dessas negociações em pesquisa, hoje, apresentam a análise da relação entre
sujeito e objeto de conhecimento, enquanto categorias que reificam espaços
sociais para “pesquisados” e antropólogas/os, portanto, passam a ser compreendidas
e analisadas enquanto categorias sociais. Das transformações históricas e
sociais que definem os rumos da propriedade e autoridade para os conhecimentos
tradicionais, conforme prescrito pela Legislação Brasileira, somadas aos também
novos contextos reflexivos emergentes no debate antropológico, rui o muro entre
sujeito e objeto do conhecimento como relação social assimétrica historicamente
enraizada; e do campo etnográfico emerge uma proposta para as relações
produtoras de conhecimento em Antropologia. Objetivamente falando, os “nativos”
exigem a mudança nas regras do jogo antropológico.
Palavras-chave:
Epistemologia da Antropologia; Etnografia da produção de conhecimento; Sujeitos
e objetos do conhecimento em Antropologia.
Link para a tese que é a etnografia que registra, em detalhes, as estratégias dos "nativos" para a crítica às estratégias políticas de antropólogas/os para a produção de etnografias: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/95195
Enquanto não consigo editar o vídeo da palestra, não publicarei o texto completo. Mas, disponibilizo o resumo do artigo acima e, abaixo, o filme que apresenta o "Mapeamento das relações em Pesquisa", feito em forma de texto e acompanhado de áudio visual.
Neste trabalho, tese e artigo, defendo que a Antropologia (quero dizer, antropólogas/os, obviamente não existe uma entidade metafísica aí), deve rever suas estratégias políticas para a produção de conhecimento etnográfico.
Dizem os indígenas e afro-religiosas/os: "Sem nós, vocês não escrevem suas teses."
A/o amiga/o perguntou: "Mas, se nós quisermos ser Pajés e Yalorixás, como fica? Não temos que passar pelas mesmas coisas que todos as/os outras/os Yalorixás e Pajés?".
Em outras palavras, para "pesquisados" em antropologia, "nativos" serem doutores devem passar por cursos de doutorado.
E a resposta a essa pergunta, guardadora de uma excelente estratégia para a compreensão simples e direta, característica das falas indígenas e de afro-religiosas/os, argumenta sobre o que estamos falando:
Dizem os indígenas e afro-religiosas/os: "Sem nós, vocês não escrevem suas teses."
A/o amiga/o perguntou: "Mas, se nós quisermos ser Pajés e Yalorixás, como fica? Não temos que passar pelas mesmas coisas que todos as/os outras/os Yalorixás e Pajés?".
Em outras palavras, para "pesquisados" em antropologia, "nativos" serem doutores devem passar por cursos de doutorado.
E a resposta a essa pergunta, guardadora de uma excelente estratégia para a compreensão simples e direta, característica das falas indígenas e de afro-religiosas/os, argumenta sobre o que estamos falando:
"Nós não precisamos de vocês para sermos Pajés e Yalorixás. Vocês precisam de nós para serem doutoras. Vocês precisam de nós para se tornarem antropólogas."
Mais claro do que isso....
Mais claro do que isso....
No facebook: https://www.facebook.com/jakeline.d.souza
#ANTROPOLOGIAPARAQUEM?
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