quarta-feira, 16 de abril de 2014

AUTOFÁGICA EPISTEMOLOGIA DA ANTROPOLOGIA: uma análise da produção de conhecimento enquanto produção de relações sociais.




Jakeline De Souza
 
 
Resumo
 
Nesta palestra, realizada para doutorandas/os do Programa de Pós Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas, apresento um debate sobre as negociações entre sujeitos sociais, antropólogas/os e “nativos”, para a realização das etnografias, como pressuposto à orientação epistemológica da produção de conhecimento em Antropologia. Chamo atenção para a interdependência entre produção de conhecimento e relações sociais a partir das análises dos “pesquisados” sobre as estratégias antropológicas para a produção de conhecimento, conforme apresentadas na etnografia “Yepá Bahuari Mahsô Cria o Mundo e a Antropologia. Uma Etnografia do Conhecimento entre Indígenas “Tukanoan” e Filhos do Candomblé Cruzado com Umbanda, desde Manaus”, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Evidencio no texto que a tensão para a relação sujeito/objeto do conhecimento acontece desde a origem da Antropologia, mais especialmente das etnografias, e chamo atenção para o fato dos interesses dos “pesquisados” orientarem as negociações em pesquisa. Esses interesses indicam pressupostos constitutivos de uma socialidade “nativa” que, em diálogo com os contextos sociais e antropológicos implicados, apresentam estratégias para a produção de um conhecimento que mude o “Mundo da Antropologia”. Os resultados dessas negociações em pesquisa, hoje, apresentam a análise da relação entre sujeito e objeto de conhecimento, enquanto categorias que reificam espaços sociais para “pesquisados” e antropólogas/os, portanto, passam a ser compreendidas e analisadas enquanto categorias sociais. Das transformações históricas e sociais que definem os rumos da propriedade e autoridade para os conhecimentos tradicionais, conforme prescrito pela Legislação Brasileira, somadas aos também novos contextos reflexivos emergentes no debate antropológico, rui o muro entre sujeito e objeto do conhecimento como relação social assimétrica historicamente enraizada; e do campo etnográfico emerge uma proposta para as relações produtoras de conhecimento em Antropologia. Objetivamente falando, os “nativos” exigem a mudança nas regras do jogo antropológico. 



 


Palavras-chave: Epistemologia da Antropologia; Etnografia da produção de conhecimento; Sujeitos e objetos do conhecimento em Antropologia.




Link para a tese que é a etnografia que registra, em detalhes, as estratégias dos "nativos" para a crítica às estratégias políticas de antropólogas/os para a produção de etnografias: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/95195
 


Enquanto não consigo editar o vídeo da palestra, não publicarei o texto completo. Mas, disponibilizo o resumo do artigo acima e, abaixo, o filme que apresenta o "Mapeamento das relações em Pesquisa", feito em forma de texto e acompanhado de áudio visual.
Neste trabalho, tese e artigo, defendo que a Antropologia (quero dizer, antropólogas/os, obviamente não existe uma entidade metafísica aí), deve rever suas estratégias políticas para a produção de conhecimento etnográfico.
 Dizem os indígenas e afro-religiosas/os: "Sem nós, vocês não escrevem suas teses."
 A/o amiga/o perguntou: "Mas, se nós quisermos ser Pajés e Yalorixás, como fica? Não temos que passar pelas mesmas coisas que todos as/os outras/os Yalorixás e Pajés?".
Em outras palavras, para "pesquisados" em antropologia, "nativos" serem doutores devem passar por cursos de doutorado.
 E a resposta a essa pergunta, guardadora de uma excelente estratégia para a compreensão simples e direta, característica das falas indígenas e de afro-religiosas/os, argumenta sobre o que estamos falando:
"Nós não precisamos de vocês para sermos Pajés e Yalorixás. Vocês precisam de nós para serem doutoras. Vocês precisam de nós para se tornarem antropólogas."
Mais claro do que isso....

 
 
 
 
 
#ANTROPOLOGIAPARAQUEM?

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