quarta-feira, 16 de abril de 2014

AUTOFÁGICA EPISTEMOLOGIA DA ANTROPOLOGIA: uma análise da produção de conhecimento enquanto produção de relações sociais.




Jakeline De Souza
 
 
Resumo
 
Nesta palestra, realizada para doutorandas/os do Programa de Pós Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas, apresento um debate sobre as negociações entre sujeitos sociais, antropólogas/os e “nativos”, para a realização das etnografias, como pressuposto à orientação epistemológica da produção de conhecimento em Antropologia. Chamo atenção para a interdependência entre produção de conhecimento e relações sociais a partir das análises dos “pesquisados” sobre as estratégias antropológicas para a produção de conhecimento, conforme apresentadas na etnografia “Yepá Bahuari Mahsô Cria o Mundo e a Antropologia. Uma Etnografia do Conhecimento entre Indígenas “Tukanoan” e Filhos do Candomblé Cruzado com Umbanda, desde Manaus”, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Evidencio no texto que a tensão para a relação sujeito/objeto do conhecimento acontece desde a origem da Antropologia, mais especialmente das etnografias, e chamo atenção para o fato dos interesses dos “pesquisados” orientarem as negociações em pesquisa. Esses interesses indicam pressupostos constitutivos de uma socialidade “nativa” que, em diálogo com os contextos sociais e antropológicos implicados, apresentam estratégias para a produção de um conhecimento que mude o “Mundo da Antropologia”. Os resultados dessas negociações em pesquisa, hoje, apresentam a análise da relação entre sujeito e objeto de conhecimento, enquanto categorias que reificam espaços sociais para “pesquisados” e antropólogas/os, portanto, passam a ser compreendidas e analisadas enquanto categorias sociais. Das transformações históricas e sociais que definem os rumos da propriedade e autoridade para os conhecimentos tradicionais, conforme prescrito pela Legislação Brasileira, somadas aos também novos contextos reflexivos emergentes no debate antropológico, rui o muro entre sujeito e objeto do conhecimento como relação social assimétrica historicamente enraizada; e do campo etnográfico emerge uma proposta para as relações produtoras de conhecimento em Antropologia. Objetivamente falando, os “nativos” exigem a mudança nas regras do jogo antropológico. 



 


Palavras-chave: Epistemologia da Antropologia; Etnografia da produção de conhecimento; Sujeitos e objetos do conhecimento em Antropologia.




Link para a tese que é a etnografia que registra, em detalhes, as estratégias dos "nativos" para a crítica às estratégias políticas de antropólogas/os para a produção de etnografias: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/95195
 


Enquanto não consigo editar o vídeo da palestra, não publicarei o texto completo. Mas, disponibilizo o resumo do artigo acima e, abaixo, o filme que apresenta o "Mapeamento das relações em Pesquisa", feito em forma de texto e acompanhado de áudio visual.
Neste trabalho, tese e artigo, defendo que a Antropologia (quero dizer, antropólogas/os, obviamente não existe uma entidade metafísica aí), deve rever suas estratégias políticas para a produção de conhecimento etnográfico.
 Dizem os indígenas e afro-religiosas/os: "Sem nós, vocês não escrevem suas teses."
 A/o amiga/o perguntou: "Mas, se nós quisermos ser Pajés e Yalorixás, como fica? Não temos que passar pelas mesmas coisas que todos as/os outras/os Yalorixás e Pajés?".
Em outras palavras, para "pesquisados" em antropologia, "nativos" serem doutores devem passar por cursos de doutorado.
 E a resposta a essa pergunta, guardadora de uma excelente estratégia para a compreensão simples e direta, característica das falas indígenas e de afro-religiosas/os, argumenta sobre o que estamos falando:
"Nós não precisamos de vocês para sermos Pajés e Yalorixás. Vocês precisam de nós para serem doutoras. Vocês precisam de nós para se tornarem antropólogas."
Mais claro do que isso....

 
 
 
 
 
#ANTROPOLOGIAPARAQUEM?

domingo, 6 de abril de 2014

O marginal é o centro: mirem-se nos homens que conhecem o que é ser mulher.


"O marginal é o centro: mirem-se nos homens que conhecem o que é ser mulher."

Neste filme é apresentada a história de um homem que se submete a uma vida marginal pelo desejo e amor por ser um homem que deseja e ama mulheres.
"Sou um homem feminista", João W Nery.

http://youtu.be/pH-hlc9T9kg


 
 Publico o filme para fomentar a questão, lançar o interesse e amadurecer a reflexão: O marginal é o centro: mirem-se nos homens que conhecem o que é ser mulher.




a travessia dos sexos e dos gêneros [diálogo continuado]

Transexuais atravessam a ideia que temos sobre gêneros, até sua referência mais radical: a forma dos sexos. É claro que elas/eles têm muito, muito, a nos ensinar sobre liberdade, sobre autonomia e sobre PODER DE ESCOLHA mais do que razoavelmente consideramos possível.
Os gêneros são chave-mestra para as relações sociais, isso é inegável para quem estuda relações sociais, assim como, é inegável para os Pajés e Yalorixás com os quais trabalhei em minha tese de doutorado. Faço questão de publicar o link do vídeo que editei para a defesa da tese, quem assistir entenderá que estou falando que Seu Avelino Trindade, pajé com quem trabalhei na pesquisa para a tese, desdobra com simplicidade o entendimento sobre limites e possibilidades sociais para as relações de gênero, supera os estudos que já fiz, inclusive para a epistemologia da antropologia, imaginem se seria difícil para ele entender e interpretar o movimento contemporâneo para a transformação nas relações sociais e, quero lembrar, a pesquisa de campo a partir da qual Seu Avelino Trindade teve a oportunidade de expor suas ideias aos "doutores burros", como ele próprio dizia.
Então, entendendo a insustentabilidade de nossas relações de gênero, não preciso dizer que nossos "centros de poder" estão podres, todas/os sabemos disso, e agora nos esforçamos para reorientar as bases econômicas de nossa vida política, isso significa recuperar a dignidade e 
superar a tortura cotidiana nas relações socias ("um jeito de distribuir a grana, de exercer a política, de pregar dogmas religiosos"). A base sólida para a transformação, se não está no centro, caminhemos em outro sentido, está nas margens, é óbvio.
Nossos "centros de poder" estão sustentados pela violência, que sustenta a opressão aos movimentos sociais contemporâneos. A opressão que a violência física gerada por esses "centros de poder" estão com os pés fincados na falta de dignidade. Daí marchamos pela dignidade, é possível compreender isso?

Os "centros de poder" do "mundo hegemônico" estão hoxime, em Yanomami significa podres, o que entendo como algo fora das condições de uso para o propósito que a pretende destino.

Abro espaço para um debate sobre política e economia a partir do que vivi entre os Yanomami, para indicar o pensamento Aruak, Tukanoan, grupo com o qual trabalhei, é um dos grupos da região do Alto Rio Negro, no Brasil, que mantinham uma diversidade linguística dentro de um mesmo grupo social. Uma sociedade inquestionavelmente complexa no que diz respeito às línguas.
O pensamento Tukanoan que apresento aqui, foi apresentado pelo Yaí Avelino Trindade durante minha pesquisa de campo para o doutorado. Ele fala da transformação social contemporânea a partir da referência que apresento, na tese: as relações entre gêneros, e, mais especialmente, referindo-se à sociedade heteronormativa e hegemônica, as relações entre homens e mulheres. 
Os pajés e Yalorixás, não só o Yaí Avelino, apresentam a diferença entre gêneros como a mais fundamental referência para a definição de todas diferenciações sociais para as distribuições de poder. Evidentemente, o modo como cada grupo orienta as relações de poder entre gêneros é específica de cada grupo. A questão é que os sábios tradicionais, indígenas e do Candomblé, deixam clara durante a pesquisa a relação direta e definitiva entre: poder entre gêneros e todas as outras dimensões de poder na vida social.
Então, tento explicitar a questão, se quisermos mudar a estrutura econômica e política, conforme estabelecida no mundo dos poderes hegemônicos hoje, devemos transformar as relações entre gêneros para relações equitativas, de respeito mútuo, fundamentadas na dignidade e no amor para todos. Meu sonho pessoal, para que quem ler saiba com quem estão falando, é que incluamos o prazer, o desfrute e a alegria.
Bem, não falo sobre as relações entre mulheres e homens entre os Yanomami, pois para falar sobre esse assunto precisaria de muito mais tempo entre eles. No entanto, posso dizer que fui tratada com carinho todo o tempo, até desfrutei de um sentimento fraterno que está guardado entre as relíquias dos meus afetos, e, principalmente, o único momento em que um homem Yanomami expos interesse por mim, ele estava na presença de sua mulher. Interessante isso, ela evidentemente compartilhava desse interesse, ainda que apenas assistisse a cena. Ele foi sutil e nunca mais manifestou qualquer interesse.

É interessante registrar que ele foi um homem que passou parte da infância entre garimpeiros, cujas histórias são as piores que conheço. Quero dizer que suas referências para relações entre homem e mulher em, pelo menos, um dos grupos de "brancos" que ele conheceu, foram referências de violência e abuso sexual frequentes. Por outro lado, certamente expressei decepção com a atitude deles, dele e de sua mulher. Não pude ver minha própria face, mas sei do mal estar que senti. Então, criemos nós um link entre economia e política Yanomami e a crítica e prospecção Tukanoan para as transformações no mundo a partir da mudança nas relações entre gêneros. E isso está acontecendo, agora.


Uma economia da compartilha

A paixão Yanomami pelo pertencimento ao grupo também sustenta meus argumentos, e sentimentos de quem esteve um pouco entre elas/es. É uma experiência de afeto que infere frequências diferentes aos estados de ânimo. Mas, é preciso estar lá e, em alguma medida, pertencer aos Yanomami para experimentar isso, e ouso falar assim porque essa sensação física, essa espécie de sentimento sentido nas carnes, não foi só minha. Então, se falo em centros de poder "podres", quero falar no sentido que dizem os Yanomami, "hoximi", sobre o que é imprestável como a laranja podre é imprestável para alimentar; e para a floresta, hoximi é a devastação da floresta causada pelas madeireiras; e para a água hoximi é a água com  mercúrio do garimpo, matando os Yanomami. Isso entendi sobre o sentido que os Yanomami empregam para "hoximi mahi", e mahi significa muito, então é "muito imprestável, muito podre".
Interessante notar que para as relações econômicas e políticas os Yanomami também empregam a palavra hoximi. Hoximi é uma palavra usada para identificar alguém sovina, sejamos minimamente inteligentes e permitamos compreender que a palavra sovina, quando usada para identificar, diferenciar, uma pessoa no grupo, está relacionado com economia. Para os Yanomami toda pessoa  sovina é uma espécie de hoximi-social. Então, do ponto de vista da economia que regula as relações sociais Yanomami hoximi quer dizer um comportamento que define uma economia-podre, e pessoas sovinas são podres, não prestam socialmente, quero dizer, estão estragadas e estragam a vida social Yanomami.
Chega a ser bonitinha essa ideia quando a gente conhece o amor da compartilha, para além da sobrevivência e até pela sobrevivência, a compartilha, inclusive de dinheiro, expressa, nesse caso, entre os Yanomami, amor. O amor para aquele jeito Yanomami de vida econômica, política, social, é fundado na compartilha.
Vamos pensar o que pode significar o amor para os Yanomami que não comem de sua própria caça, pelo contrário, suas caças só servem para alimentar as "outras" pessoas, "outras" no sentido em que empregamos, às vezes, até para dependentes. Então, vamos entender que, por exemplo, não comer da própria caça para um caçador Yanomami é uma expressão de amor ao grupo social. Sim, nós precisamos aprender a amar com os Yanomami, a pertencer à Humanidade, a acreditar na Humanidade, porque Yanomami significa Humanidade, a mais honrada, perfeita, plena forma de Humanidade. Aprendi com os povos indígenas que a excelência humana existe e é o melhor que podemos viver.
 

"Minha caça é para alimentar vocês", diz o caçador Yanomami, enquanto carrega a caça que alimentará outras pessoas, e que deve ser a melhor, a maior possível, para que as pessoas amadas comam com fartura e reconheçam sua felicidade em oferecer condições para elas se alimentarem. E, confiem, existe sentimento, emoção, nessas oferendas e partilhas.

Exaustivamente expando as ideias sobre os Yanomami para chegar num outro indígena, um que teve a "oportunidade" de conhecer muito de perto nossas estratégias econômicas e políticas, porque tinha por destino viver a escravidão do aviamento na primeira metade do séc. XX no Amazonas, e faz notar que a politica e a economia se constituem no cotidiano a partir das relações entre gêneros. Indico na tese que, quanto mais opressão política e econômica, mais opressão entre gêneros. E do reconhecimento equitativo entre antropóloga e "pesquisados", pajés e afro-religiosos, enquanto sujeitos do conhecimento em antropologia, o Pajé Avelino diz, que é preciso mudar o mundo para mudar a antropologia, então aponta: "surgirá um novo mundo onde as mulheres vão nascer em corpos de homens e os homens em corpos de mulheres".
 
E essas epistemologias das relações equitativas anunciam um novo mundo na voz do pajé, e isso é uma interpretação sobre as condições da tranformação social que vivemos, vamos reconhecer que se trata de mulheres e homens com competência para interpretar nossa vida social melhor do que estávamos fazendo, nós, antropólogas/os, com competência suficiente para afirmar as perspectivas de futuro sem titubear sobre os resultados. Tão firme quanto no prognóstico sobre a amputação da perna de uma menina, disse o Pajé, "não precisa amputar a perna", enquanto uma equipe de médicos se preparava para deixar a menina crescer mulher-manca.
Para o razoável antropologuês, digo na tese que se trata de uma mudança no espaço de poder social para "homem" e "mulher" nesse "mundo dos brancos", que já não é tão dos "brancos" assim, é mundo dos pajés e das Yalorixás também.

Se eu fosse uma missionária talvez dissesse que o Pajé fez uma "profecia", mas, como sou antropóloga, quero dizer que me referencio especialmente em etnografias para afirmar algo,  digo que aquele senhor, dono de um extraordinário conhecimento sobre o corpo, a psique e a vida social humana, que passou a vida inteira "etnografando" o "mundo dos brancos", de uma perspectiva distanciada e sob estranhamento sobre tudo o que fazemos, digo que aquele homem me deu o privilégio de conhecer uma interpretação sua sobre as condições contemporâneas que determinam a transformação social que este nosso modo de vida social impôs a si mesmo em seu esgotamento, e também sobre os resultados, as perspectivas, que estas condições alcançam.

"Este mundo tem que acabar", disse o Pajé Avelino, e eu traduzo - "as condições para as relações econômicas e políticas, do jeito como estão sendo vividas, não é mais possível continuar".
Mas, sua análise não se reduz a "vai mudar", ele diz algo mais importante que o óbvio, ele também diz como vai mudar nosso modo de vida: "homens vão nascer em corpos de mulheres e mulheres vão nascer em corpos de homens".
Desde as referências dos seus ancestrais e com base em sua interpretação das condições contemporâneas, com sorriso nos lábios, e tranquilidade no olhar, diz "não se preocupa, Jakeline, o outro mundo é muito melhor do que esse, até as ruas, as avenidas, são decoradas com azulejos, tudo muito lindo, como o Mundo dos Encantados".

Assim sendo, entendo que alguém como ele, um estrangeiro que sobreviveu a todo tipo de violência do "mundo dos brancos", e manteve o riso na face, alguém assim pode dizer sobre nós o que não conseguimos. e muitos deles têm muito a dizer, vamos ouvir? Segue o filme abaixo:


 
 
 

Gay Pride, Uganda. 2013.


Vamos ouvir  as margens, os estranhos, os estrangeiros, e prestar atenção nas transformações para as relações entre gêneros desde o seu movimento mais "marginal" e, portanto, converte-se em centro. Falo dos transexuais, a mais evidente travessia humana para as relações entre gêneros, vivida no corpo, na identidade, o diálogo sobre as diferenças em sua mistura, transcendência. Porque é evidentemente essas pessoas são capazes de apresentar o poder inabalável de superar a  "intransponível" fronteira entre gêneros. Talvez a mais dura determinação social.
Vamos aprender a suportar a desconstrução do poder entre gêneros, por amor, por prazer. E defender a inteligência e a sensibilidade indicadora de alternativas e reflexões sobre nossas estratégias sociais.
Posso citar como exemplo desse exercício cotidiano de superação e sobrevivência, a Uganda, na foto. 
Afinal, "o novo mundo é muito melhor do que esse, as mulheres vão nascer em corpos de homens, e os homens em corpos de mulheres." (Avelino Trindade).
  

 
 


















 

terça-feira, 1 de abril de 2014

NÓS MERECEMOS PRAZER. Estupradores merecem NÃO EXISITR.

 
 
#NÓS MERECEMOS PRAZER#
estupradores merecem não existir
 
 

 

ESTUPRO NÃO É QUESTÃO DE MERECIMENTO, o primeiro texto que escrevi pensando sobre o drama que temos vivido nas redes online, assim como no cotidiano da vida social, apresentou uma reflexão sobre aquela campanha "não mereço ser estuprada", quero lembrar que me custa náuseas escrever, a chamada daquela campanha, mesmo entre aspas, a repugnância que sinto por aquela frase é grande, eu não mereço essa campanha!
Neste texto apresento duas críticas que considero fundamentais, a primeira é sobre a estratégia da negação na campanha, o que é uma armadilha neurolinguística; a outra é mais óbvia, quando nos afastamos de julgar os causadores de um mal, tendemos a colocar as vítimas no lugar de julgamento. Ou seja, pensar sobre o fato de ela merecer, ou não, ser estuprada, é focar a atenção no julgamento da vítima e, obviamente, afastar a atenção para o julgamento do criminoso. Aqui proponho pensarmos sobre o julgamento de estupradores, e pensarmos sobre a armadilha cruel que essa campanha promove. Neste momento, uma mulher pode estar sendo estuprada e ouvindo a frase, "ela merece". É essa falta de conexão com a realidade que torna essa campanha tão sórdida.




Numa análise da frase em si, de sua estrutura, e menos da sensação que ela causa, existe um conflito entre o significado da negação e o fato. Ora, se considerarmos estupro questão de merecimento, elas podem ter merecido o estupro!
Socorro! Analisando a campanha por esta perspectiva digo que a campanha afirma nas "entrelinhas", sabemos desde a neurolinguística que a negação é uma forma eficaz de criarmos a situação, ou seja, é uma armadilha contra quem dizemos estar defendendo, o quê dizemos negar. Tem um teste simples, digo a vocês "NÃO PENSEM NUMA BICICLETA", mas, vocês têm uma tendência a pensar numa bicicleta, como eu também tenho quando me dizem uma negação. É isso que acontece.
Então, o que leva a termos dentro de campanhas que deveriam combater estupros uma justificativa para a existência de estupros?
Esse é "um lado da campanha" que "não foi visto" por quem projetou a campanha. Mas, será que não foi visto??? Não seria ingênua em afirmar que é ingenuidade de quem fez a campanha, a criação dessa armadilha sórdida?
Questiono a "inocência " de quem produziu a campanha, e principalmente, quem fez a maldita pesquisa que gerou toda essa situação, ou são os homens brasileiros, em sua maioria, estupradores? Todos os desdobramentos devem ser considerados. É chegada a hora de lidarmos com a realidade tal qual ela se apresenta.
Então, para a inocência de quem produziu a campanha digo: sabemos que merecer, ou não, sofrer violência (nesse caso, estupro) é comum entre grupos sociais que naturalizam a violência em seus cotidianos, como é o que vive quem está nas prisões, onde a grande maioria são bandidos. Então essa conversa é papo de bandido, e as pessoas que trabalham com esse tipo de campanha estão conscientes disso. Não falo das mulheres que apoiaram, que tiraram as roupas e se fotografaram com a frase escrita num cartaz, frequentemente escondendo as partes mais íntimas de seus corpos, seios e colo, essas mulheres, com certeza, moveram suas ações na tentativa de contribuir numa campanha contra o abominável, mas, além disso se colocaram no lugar de julgamento, lugar que nós mulheres, especialmente, somos educadas para assumir. É mais fácil confiar nas nossas preces do que assumir o lugar de julgar o criminoso. É isso que precisamos fazer, precisamos pensar em quem são os estupradores, como essa gente vive, porque eles existem, e como merecem ser tratados.
Voltando para a malfadada campanha, pergunto: qual foi o bandido que fez sua conversa virar campanha? A realidade no mundo do crime é definir quem merece, ou não, violência, pois para o "mundo do crime" a violência está naturalizada, em muitas situações a violência faz parte, é usada, é comum, por isso usa-se da violência para julgar o merecimento de um estupro. Será que quem fez a campanha teve alguma proximidade com o mundo do estupro? Parece, não é? Mas, nós, que pensamos a vida social a partir do respeito à dignidade humana devemos ultrapassar aquela condição miserável do "mundo do crime", e propor campanhas, frases, imagens, que façam diferença. Vamos ver mais.

A campanha se justificava como uma resposta àquela pesquisa infame. Não considero que um erro possa justificar-se em outro, é só um acúmulo de erros e distorções. Responder aos resultados infames daquela pesquisa sobre mulheres que vestem roupas provocantes não é justificativa para essa armadilha contra nós mulheres. E, mais uma coisa, faço questão de relacionar essas contradições explícitas ao fato de ter sido atacada, por perfis que se declararam vinculados à campanha, por apresentar uma crítica à tal campanha, que é simplesmente a publicação anterior a esta neste mesmo blog.
Então, não duvido de mais nada, e agora chamo a atenção para responsabilizar quem colocou aquela campanha na rede. Responsabilidade é o mínimo que devemos ter sobre nossos feitos. Chamo essa atenção por que está sendo usado dinheiro público para fazerem uma campanha que associe estupro a merecimento. As redes dos "donos da campanha" são eficazes, são redes pagas e conseguiram silenciar a crítica que fiz em abril deste ano, e agora volto a publicar.
Estupro não é questão de merecimento, vamos assumir isso. Estou pedindo, desde o início do ano de 2014, quando a campanha surgiu. E agora a piada "não estupro porque ela não merece ser estuprada, kkkkk" saiu da boca de um político, auto declarado estuprador. Vamos pensar sobre o que merecem estupradores, esses criminosos é que estão no lugar de serem julgados.

O QUE MERECE UM ESTUPRADOR?

Estou propondo outros caminhos para a reflexão, pois, não há dúvida de que a reflexão deve ser outra. Espero que isso esteja mais do que evidente.
Naquela campanha alguém confundiu o sentido da violência e apresentou a crítica a uma pesquisa que conseguiu avaliar o merecimento das mulheres sobre sofrer um estupro, e deu continuidade a essa ideia proposta por estupradores, certamente, pois a frase está construída na negação "não mereço", é nesse sentido que cria a armadilha da campanha. A ideia mais fundamental da campanha é que estupro é apresentado como questão de merecimento. Ou seja, a campanha naturaliza (torna natural, como um broto feijão que germina na terra) a violência, o estupro. O problema deixa de ser o estupro e passa a ser o merecimento da mulher.
Como mulher digo, não foi suportável conviver com aquela campanha sem fazer alguma coisa para mudar, essa campanha fez mal a mim, é sufocante conviver com esse cenário. "Espero" que as pessoas que estavam trabalhando para realizar a campanha tenham respeito pelo meu esforço, e de todas as outras pessoas que estão aqui, nas redes sociais, preocupadas com o que está sendo veiculado, e passem, no mínimo, a respeitar nossas posições. Ataques pessoais são constrangedores e não são produtivos, afinal, vocês estão com a grana, com uma estrutura de rede, nós estamos com o mal estar.
Como disse, essa conversa sobre merecer, ou não, alguma forma de violência faz parte do vida social entre criminosos, ou seja, estamos incorporando o "mundo do crime" em nosso cotidiano! Dá para perceber o problema?
Existe uma regra sobre merecer estupro no mundo crime, porque no mundo do crime estupro faz parte. Essa regra foi assimilada pela campanha como válida para nós. É preciso assistir algum filme, ou ler o Macário, ou ir até uma prisão para ver de onde vem esse tipo de argumento, regra, referência: "ela não merece ser estuprada"?
Como disse, a realidade no mundo do crime é definir quem merece, ou não, violência, pois para o mundo-do- crime a violência está naturalizada, mas, nós, que pensamos a vida social a partir do absoluto respeito à dignidade humana, devemos ultrapassar aquela condição miserável do mundo-do-crime. E, quando propomos uma campanha pública, com a qual as pessoas vão "ter que conviver", devemos apresentar outras referências para aquelas pessoas que entendem que violência tem relação com "merecimento" no cotidiano da vida social. Essa campanha fez o contrário. Em outras palavras, a "resposta" que essa campanha apresentou para aquela pesquisa sobre a opinião de homens a respeito de "mulheres que usam roupas provocantes" reafirma a violência.
Por entender e sentir o impacto da campanha, afirmo que estamos no caminho errado, e apresento essa crítica tanto para esta campanha, quanto para as leis brasileiras que tratam sobre os crimes de estupro.
A campanha mostrou, por um lado, que existem mulheres que ingenuamente assimilam a opressão e sugerem que sejam julgadas sobre o fato de merecerem, ou não, serem estupradas. Elas afirmam que não merecem, mas quem está vendo seus corpos nus com frases escritas "não mereço", pode não concordar com elas (aliás, segundo aquela pesquisa, mais de 60% dos homens brasileiros não concordam com elas, e se divertem com a exposição), e já tive a infelicidade de encontrar com uma série de posts e comentários com respostas absurdas à campanha. Por isso afirmo aqui que nós mulheres não devemos nos expor daquela maneira, isso, sim, é ingenuidade. E, se essas mulheres são ingênuas, as pessoas que apresentaram a campanha são, no mínimo, incompetentes.
Estamos vivendo um caos de horror, pois, por outro lado, aquela pesquisa revela que maioria dos homens entrevistados são estupradores em potencial.  Espero estar sendo clara e conseguindo me fazer compreender.
Mas, vamos mais longe, vamos propor uma outra (existem muitas outras) orientação para a campanha, vamos discutir o que merece um estuprador, para começar, mas também vamos ampliar e pensar sobre o que significa o estupro, quem pratica o estupro, e... especialmente o que leva os grupos sociais, as comunidades, a praticarem linchamento; que é a mais horrível rejeição social a um indivíduo. Ou seja, o mais alto nível de rejeição social ao convívio com um indivíduo, condená-lo à morte sob tortura, um crime hediondo praticado coletivamente.
Muito bem, então vamos tirar o foco do debate sobre as vítimas e passar a pensar o que fazemos para que esses criminosos existam, e o que podemos fazer para deixarem de existir, essa é nossa meta. É nesse sentido que apresento o debate a seguir.
Tenho apresentado um debate sobre o direito de pedir pena de morte para estupradores. Para os mais exaltados, calma, não estou a fim de matar pessoas! Mas, devemos considerar a realidade como ela se apresenta. Então, pessoas de bom senso, vamos lembrar que no Brasil e no mundo acontecem, muito frequentemente, linchamentos por estupro.
Pensando em desarticular a violência do estupro e a violência gerada pelo estupro, o linchamento, vamos refletir sobre  a necessidade de, hoje, as campanhas contra estupro abarcarem uma outra ideia de merecimento: o que merece um estuprador? Proponho pensarmos esse merecimento a partir dos grupos sociais, da mais impressionante reação dos grupos sociais contra estupradores:

Estupradores merecem ser linchados?

A questão central, nesse caso, é o que fazemos com a revolta dos grupos sociais. Afinal, as pessoas não praticam linchamentos por que acham bacana, isso é um fato. É muita revolta. Acredito que o respeito aos grupos sociais nos levará a encontrar o melhor caminho. Pois, aquilo que não conseguimos resolver individualmente, entendo que deve ser resolvido para o que está além de nós, ou seja, os grupos sociais devem nos ajudar a encontrar o caminho, partindo do estudo dos diversos casos de linchamento contra estupradores, inclusive nas cadeias.
Como antropóloga reconheço que a revolta dos grupos sociais é sempre legítima. As determinações dos grupos sociais que precisam alcançar uma condição de continuidade para a vida social do grupo devem ser respeitadas e reconhecidas pelos outros grupos, especialmente quando já está definido no cotidiano das relações sociais que não se pode conter um determinado tipo de ação dos grupos, como é o caso dos linchamentos. Em outras palavras, estou afirmando que os linchamentos são estratégia dos grupos para sua própria sobrevivência. Ou seja, para os grupos que praticam o linchamento a vida social do próprio grupo é ameaçada pela vida do estuprador, quero dizer que os linchamentos só acontecem por que é insuportável a presença de estupros nesses grupos.
Mas, o que estamos fazendo com o fato desses grupos não suportarem a presença de estupradores nos termos da legislação brasileira? Estamos negando o direito dos grupos pedirem por pena de morte para estupradores. Suponho que já deva ser possível compreender um pouco sobre o quanto temos contribuído, através das leis e do pensamento impresso nas campanhas e pesquisas, para que o cenário dos estupros seja, hoje, tal qual ele se apresenta: um horror, e digo isso como mulher.
Chamando a atenção para a realidade vivida por grupos sociais e comunidades no cotidiano,  como antropóloga, proponho que reconheçamos nossa realidade, respeitemos nossas limitações enquanto Estado Nacional e dialoguemos com a condição da vida cotidiana dos grupos sociais, por isso defendo que, imediatamente, as leis estatais permitam o reconhecimento da legitimidade da revolta social contra estupradores e incorporem o julgamento sobre a vida ou a morte de estupradores em instâncias do direito legal, por um lado, para evitar que isso aconteça como um espetáculo do horror no cotidiano dos grupos sociais no Brasil; por outro para aliviar a tensão cotidiana vivida nos grupos sociais que lutam por sobreviver com o mínimo de dignidade, pois os linchamentos, enquanto espetáculos de horror, tem por propósito deixar evidente o que são capazes de fazer aquelas pessoas que não suportam esse tipo de crime. Ou seja, o espetáculo é para desencorajar estupradores.
Então, se existe a necessidade dos grupos sociais de condenarem estupradores à morte num espetáculo de horror, que são os linchamentos, entendo que o Estado Brasileiro, que se propõe a reunir em suas leis a previsão das respostas necessárias à orientação mínima da vida social dos diversos grupos, de um lado, deve considerar a falta de controle sobre os linchamentos, e de outro, deve ter como referência fundamental o respeito mínimo à dignidade humana, conforme entendida pela população brasileira, pelas comunidades, nos diversos grupos sociais.
Para afirmar isso aponto que: o que dá razão de existirem os estudos em antropologia sobre estratégias dos grupos para a proteção da vida social dentro dos próprios grupos, deve servir de apoio para orientarmos nas dimensões sociológicas mais amplas, como é o caso das leis dos estados nacionais, a difícil trama que envolve esse palco de horrores.
A revolta dos grupos sociais que praticam o linchamento é algo que tem se mostrado superior às instituições públicas que pretendem garantir a paz, a segurança e a tranquilidade da vida social, quero dizer: hoje não conseguimos impedir que linchamentos aconteçam, esta condição é determinante para minha defesa sobre criarmos espaço para o julgamento e condenação de estupradores à morte, ao invés de deixar que isso aconteça de modo a intensificar o horror da violência no cotidiano das comunidades brasileiras.
Nesse sentido, incorporar o julgamento à pena de morte para estupradores serve para evitar linchamentos, significa dar o direito às vítimas, e a seus grupos sociais de pertença, a pedir por pena de morte para esse tipo de criminoso. Entendo que este é um caminho para lidar com a realidade tal qual se apresenta, de modo a contribuir para evitar mais violência, e também para que os preceitos dos grupos sociais sobre respeito mínimo à dignidade humana, sejam respeitados, considerados e tomados por referência para a legislação brasileira.
A ideia da pena de morte ultrapassa posições individuais, é possível entender que esse tipo de coisa não se pode pretender resolver homogeneizando um padrão de reação das vítimas e de seus grupos de pertença. Por isso a ideia é trazer a voz dos grupos sociais que sofrem estupros. E proponho que consideremos também que a forma mais horrenda de rejeição social é o linchamento, e o tipo de crime mais frequentemente associado a linchamentos são os crimes por estupro. Portanto, quando ignoramos o sofrimento dos grupos sociais, estamos produzindo um mal estar que tende a crescer como uma avalanche. A falta de respeito é contra mulheres e contra seus grupos sociais.
Assim, entendo que nós, na nossa "superioridade" reflexiva, nos sentimos no direito de impor aos grupos sociais uma sobrevida moral. Esse pensamento que esmaga os grupos sociais em nome de uma performance moral, consequentemente hipócrita, é conhecido desde o início dos processos de colonização. É chegada a hora de assumir nossas incompetências. Portanto, se não existe uma maneira de ultrapassar esse processo por uma estratégia homogeneizadora: cada vítima de estupro, e cada grupo social ao qual uma vítima pertence, devem saber da necessidade de pedir por condenação de estupradores à pena de morte. Para que isso acontece a lei deve prescrever esse entendimento.
Considerando essa análise, de outro jeito, prezadas/os, estamos roubando dos grupos sociais seu direito à legitimidade ao responder à violência contra uma concepção de direito e dignidade da pessoa humana que sustenta a vida desses grupos, e, em consequência disso, as leis do estado estão criando um sistema de convulsão social que, de um lado, explode em mais violência através de linchamentos e estupros coletivos em prisões; de outro lado, legitima estupros contra pessoas e, sobretudo, contra os grupos sociais, ao não dar espaço legítimo para esses grupos reclamarem o que consideram seus direitos. Daí, temos a necessidade imediata de mudar a lei dando direito a pedir pela condenação à pena de morte para estupradores.

Estuprador não vale a própria vida, é o que definem os linchamentos

Linchamentos são reais, existem, são fatos, e uma campanha que proponha sobre a mudança na lei, para que as vítimas e grupos de pertença das vítimas (famílias, comunidades) possam pedir por pena de morte para estupradores, orienta as revoltas contra esse tipo de crime de um outro jeito: faz do  direito de pedir por pena morte para estupradores, uma reflexão sobre o quanto é insuportável conviver com estupradores.
Refletir sobre o quanto é insuportável conviver com estupradores nos leva a ultrapassar a violência e entrar no campo do direito, do juízo, da consciência sobre o drama físico, psíquico e social vivido pela violência sexual, seja ela contra quem for.

Quais as leis que julgam e condenam estupradores a linchamentos?

Faz parte da nossa realidade o fato do Estado não conseguir conter os linchamentos. Cada linchamento se apresenta como uma "alternativa" dos grupos sociais para "resolver" o que o Estado não está tendo capacidade de resolver. Então criar espaço para a condenação à pena de morte para estupradores em instâncias legais, é uma estratégia coerente para orientarmos o fato.
Peço, por favor, ajudem a mudar essa situação, a desmobilizar aquela campanha, a assumirmos as implicações que nossas posições têm hoje com esses resultados catastróficos, conforme se apresentam. Vamos orientar a questão noutro sentido.
Como mulher digo que é insuportável conviver com aquela campanha. Dá vontade de fugir das redes sociais para não ver esse tipo de entendimento, o lugar no qual estão sendo colocadas as mulheres. Nós não merecemos conviver com aquele tipo de ideia expressa na campanha. Estupro e violência nada tem a ver com merecimento.
Infelizmente, relacionar estupro com merecimento numa campanha só evidencia o quanto, de fato, essa relação da violência com merecimento está sendo naturalizada. Mas, com o apoio das pessoas amigas, posso dizer num tom de boas expectativas para um futuro sempre melhor: vamos fazer o melhor e aproveitar o fato dessa ideia ter vindo à tona. Muitas de nós não percebíamos as dimensões dessa relação da violência com merecimento já inculcada nas nossas cabeças, a ponto de apoiar uma campanha dessas. Minhas amigas, queridas, dignas, nós não merecemos essa campanha. Vamos nos perguntar sobre o que um estuprador merece, esse é o nosso ponto.
Enfim, mais aliviada depois de escrever esse texto, já recebi algumas palavras agressivas, já tive postagens deletadas, já tive que bloquear fakes e perfis de gente que não gosta de receber críticas, mesmo que isso custe a dignidade de nós, mulheres. Tenso, mas já foi pior, houve o tempo em que a violência era tão legitimada que, se quer, vinha à tona. Então, posso dizer que esse debate está servindo para superar a opressão da violência contra a mulher como condição da vida social humana e, por outro lado, do respeito à vida social mais cotidiana que se sente ameaçada por esse tipo de crime.

Que estupradores sejam julgados neste momento, aqui e agora, com ou sem linchamentos.
Permitir que as pessoas que sofreram esse tipo de violência tenham o direito de se posicionar diante da justiça requerendo o que acreditam que estupradores merecem é o caminho do respeito, especialmente quando vivemos numa sociedade onde esse crime é condenado à linchamentos, no cotidiano das comunidades, ou ainda, são vingados os seus crimes, impiedosamente, quando vão para dentro das cadeias.

#NÓS MERECEMOS JUSTIÇA#
#NÓS MERECEMOS DIGNIDADE#
#NÓS MERECEMOS RESPEITO#

Que o caminho da justiça e da dignidade é seguido pelos pés do respeito recíproco sob poderes compartilhados em igual direito. Vamos ouvir os grupos sociais.

#ESTUPRADORES MERECEM NÃO EXISTIR#

Fundamental neste momento é ultrapassar essa ideia absurda que temos alimentado sobre existir alguma relação entre estupro e merecimento. Atenção: NÃO EXISTE RELAÇÃO ENTRE ESTUPRO E MERECIMENTO. Essa relação/associação, para o mínimo de dignidade que pretendemos. existe dúvida sobre isso?
Não falei sobre esse ponto, mas é muito importante desenvolver
: existe uma relação entre homens que se estabelece a partir do estupro de mulheres. Como disse, homens aprendem a ser estupradores, isso porque existem relações sociais que se estabelecem a partir do estupro. Essa é uma chave para resolver a questão e fazer a PIADA DE BANDIDO perder a graça.