No filme apresento um trecho do caminho para chegarmos às
Aldeias Miriti Verde e Patakuá Deus É Bom. O motivo principal deste filme é a denúncia sobre o "lixão da cidade", que consiste no acúmulo de lixo depositado pelo sistema de recolhimento de lixo na beira da estrada do Inajá, menos de 1 km de distância das aldeias Patakuá Deus É Bom e Miriti Verde.
A administração
pública do município destina o lixo da população para a beira da estrada, onde crianças, indígenas e
não indígenas, filhas e filhos de famílias que vivem da terra, passam todos os
dias pelo cheiro podre resultado de toda a sorte de resíduos em decomposição. Sítios e aldeias tem o solo, o ar e
fontes de água contaminadas pelo lixo. Mulheres e homens, todos os dias, passam
pelo lixão para trabalhar.
Se o motivo principal
desse filme é a denúncia sobre o LIXÃO DA CIDADE, este não é o motivo principal
deste trabalho, o motivo principal deste trabalho é o fato de apenas 13
aldeias, das 34 aldeias que existem dentro do município de Manicoré, não serem,
se quer, identificadas. A identificação é o primeiro passo para a homologação
das terras. As aldeias são todas reconhecidas, a população indígena é
reconhecida, mas o direito sobre as terras está em constante ameaça pela falta
de proteção legal dessas terras, pois terra que não está homologada é
constantemente ameaçada por invasores e pela depredação da floresta.
É claro que este
também não é o único problema enfrentado pela população indígena, e também pela
população não indígena, que estamos testemunhando por aqui. E que, nos casos
que envolvem indígenas, esses problemas aparecem relacionados à falta de
proteção legal do Estado Brasileiro sobre as terras indígenas.
Terras indígenas em Manicoré
Na Estrada do Inajá [aproximadamente 7 km do centro de Manicoré]:
1. Aldeia Miriti Verde – etnias Munduruku e Mura [por identificar]
2. Aldeia Patakuá Deus é bom – Munduruku [por identificar]
3.
No Rio Madeira:
1. Aldeia Nazaré do Uruá – etnia Mura [por identificar]
2. Aldeia Kaiapé – etnia Munduruku [por identificar]
3. Aldeia Parirá – Munduruku [por identificar]
No Rio Madeira
Terra Indígena Lago Jauari [HOMOLOGADA] – Mura:
1. Aldeia Boca do Jauari
2. Aldeia Terra Preta Jauari
3. Aldeia Itaúba Vista Alegre
4. Aldeia Barraquinha
5. Aldeia Bom Intento
No Rio Madeira – Terra Indígena Ariramba
1. Aldeia Maloca do Baeta – etnia Mura [por identificar]
No Rio Mataurá:
Terra Indígena Pinatuba [HOMOLOGADA]
1. Aldeia Aparecida – Mura [Rio Mataurá]
2. Aldeia Santo Antônio – Mura [Rio Mataurá]
3. Aldeia Ponta Natal – Mura [Rio Mataurá]
4. Aldeia Maloca Cidade – Mura [Rio Mataurá]
5. Aldeia Boa União – Mura [Rio Mataurá]
6. Aldeia Taracuá – Mura [no Rio Mataurá]
7. Aldeia Terra Preta Piquiá – Mura [no Rio Uruá]
No Rio Mataurá
1. Aldeia Kurara – Mura [por identificar]
2. Aldeia Vista Alegre – Mura [por identificar]
No Lago do Capanã Grande
1. Aldeia Montes Claros – etnia Mura [por identificar]
2. Aldeia Igarapé Grande – etnias Mura e Munduruku [por identificar]
3. Aldeia Guariba II – etnia Mura [por identificar]
4. Aldeia Palmeira – etnia Mura [ HOMOLOGADA]
5. Aldeia Traíra – etnia Mura [por identificar]
6. Aldeia São Carlos – etnia Mura [por identificar]
7. Aldeia Bom que dói – etnia Mura [por identificar]
No ramal 464 da BR 319:
1. Aldeia Kamayuá – Munduruku [por identificar]
No Rio Marmelos:
1. Aldeia Laguinho [por identificar]
2. Aldeia Vera Cruz – etnia Torá [por identificar]
3. Aldeia Panorama – etnias Munduruku, Torá, Parintintim, Tenharim e Apurinã [por identificar]
4. Aldeia São José – etnias Torá e Munduruku [por identificar]
5. Aldeia Santa Luzia – etnia Munduruku [por identificar]
6. Aldeia Barro Vermelho – etnia Munduruku [por identificar]
Terra Indígena Mura Pirahã – seminômades - não existem aldeias fixas nos moldes dos outros grupos. A organização econômica dos Mura Pirahã é um esforço por manter os princípios de uma economia tradicional baseada na compartilha equitativa dos recursos pelo grupo, que se parece com a organização econômica dos chamados na atual legislação brasileiro de "índios isolados", os povos autônomos que vivem na floresta. No entanto, os Mura Pirahã, diferente dos povos autônomos, se esforçam por manter relações com a economia capitalista dos estados nacionais contemporâneos.
Faço questão de apontar a relação entre a economia dos Mura Pirahã e dos Povos Autônomos da Floresta, pois considero-os estes últimos a mais importante expressão da recusa ao sistema econômico mantido por nós, dos estados nacionais. Sendo assim, os Mura Pirahã expressam um extraordinário esforço por suportar contato com nosso sistema de exploração do trabalho humano e consumo estúpido, ou patológico, dos recursos naturais.
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Aldeia Patakuá Deus É Bom. Primeira reunião em 23 de fevereiro de 2014. |
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