sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

BRASIL DAS AMAZONAS: Terras Indígenas em Manicoré - O LIXÃO DA CIDADE [vídeo 1]



No filme apresento um trecho do caminho para chegarmos às Aldeias Miriti Verde e Patakuá Deus É Bom.  O motivo principal deste filme é a denúncia sobre o "lixão da cidade", que consiste no acúmulo de lixo depositado pelo sistema de recolhimento de lixo na beira da estrada do Inajá, menos de 1 km de distância das aldeias Patakuá Deus É Bom e Miriti Verde.
A administração pública do município destina o lixo da população para a beira da estrada, onde crianças, indígenas e não indígenas, filhas e filhos de famílias que vivem da terra, passam todos os dias pelo cheiro podre resultado de toda a sorte de resíduos em decomposição. Sítios e aldeias tem o solo, o ar e fontes de água contaminadas pelo lixo. Mulheres e homens, todos os dias, passam pelo lixão para trabalhar.

Se o motivo principal desse filme é a denúncia sobre o LIXÃO DA CIDADE, este não é o motivo principal deste trabalho, o motivo principal deste trabalho é o fato de apenas 13 aldeias, das 34 aldeias que existem dentro do município de Manicoré, não serem, se quer, identificadas. A identificação é o primeiro passo para a homologação das terras. As aldeias são todas reconhecidas, a população indígena é reconhecida, mas o direito sobre as terras está em constante ameaça pela falta de proteção legal dessas terras, pois terra que não está homologada é constantemente ameaçada por invasores e pela depredação da floresta.
É claro que este também não é o único problema enfrentado pela população indígena, e também pela população não indígena, que estamos testemunhando por aqui. E que, nos casos que envolvem indígenas, esses problemas aparecem relacionados à falta de proteção legal do Estado Brasileiro sobre as terras indígenas.




Terras indígenas em Manicoré


Na Estrada do Inajá [aproximadamente 7 km do centro de Manicoré]:
1.    Aldeia Miriti Verde – etnias Munduruku e Mura [por identificar]
2.    Aldeia Patakuá Deus é bom – Munduruku [por identificar]
3.   

No Rio Madeira:
1.    Aldeia Nazaré do Uruá – etnia Mura  [por identificar]
2.    Aldeia Kaiapé – etnia Munduruku [por identificar]
3.    Aldeia Parirá – Munduruku [por identificar]

No Rio Madeira
Terra Indígena Lago Jauari [HOMOLOGADA] – Mura:
1.    Aldeia Boca do Jauari
2.    Aldeia Terra Preta Jauari
3.    Aldeia Itaúba Vista Alegre
4.    Aldeia Barraquinha
5.    Aldeia Bom Intento

No Rio Madeira – Terra Indígena Ariramba
1.    Aldeia Maloca do Baeta – etnia Mura [por identificar]

No Rio Mataurá:

Terra Indígena Pinatuba [HOMOLOGADA]
1.    Aldeia Aparecida – Mura [Rio Mataurá]
2.    Aldeia Santo Antônio – Mura [Rio Mataurá]
3.    Aldeia Ponta Natal – Mura [Rio Mataurá]
4.    Aldeia Maloca Cidade – Mura [Rio Mataurá]
5.    Aldeia Boa União – Mura [Rio Mataurá]
6.    Aldeia Taracuá – Mura [no Rio Mataurá]
7.    Aldeia Terra Preta Piquiá – Mura [no Rio Uruá]

No Rio Mataurá
1.    Aldeia Kurara – Mura [por identificar]
2.    Aldeia Vista Alegre – Mura [por identificar]

No Lago do Capanã Grande
1.    Aldeia Montes Claros – etnia Mura [por identificar]
2.    Aldeia Igarapé Grande – etnias Mura e Munduruku [por identificar]
3.    Aldeia Guariba II – etnia Mura [por identificar]
4.    Aldeia Palmeira – etnia Mura [ HOMOLOGADA]
5.    Aldeia Traíra – etnia Mura [por identificar]
6.    Aldeia São Carlos – etnia Mura [por identificar]
7.    Aldeia Bom que dói – etnia Mura [por identificar]

No ramal 464 da BR 319:
1.    Aldeia Kamayuá – Munduruku [por identificar]

No Rio Marmelos:
1.    Aldeia Laguinho [por identificar]
2.    Aldeia Vera Cruz – etnia Torá [por identificar]
3.    Aldeia Panorama – etnias Munduruku, Torá, Parintintim, Tenharim e Apurinã [por identificar]
4.    Aldeia São José – etnias Torá e Munduruku [por identificar]
5.    Aldeia Santa Luzia – etnia Munduruku [por identificar]
6.    Aldeia Barro Vermelho – etnia Munduruku [por identificar]

Terra Indígena Mura Pirahã – seminômades - não existem aldeias fixas nos moldes dos outros grupos. A organização econômica dos Mura Pirahã é um esforço por manter os princípios de uma economia tradicional baseada na compartilha equitativa dos recursos pelo grupo, que se parece com a organização econômica dos chamados na atual legislação brasileiro de "índios isolados", os povos autônomos que vivem na floresta. No entanto, os Mura Pirahã, diferente dos povos autônomos, se esforçam por manter relações com a economia capitalista dos estados nacionais contemporâneos.
Faço questão de apontar a relação entre a economia dos Mura Pirahã e dos Povos Autônomos da Floresta, pois considero-os estes últimos a mais importante expressão da recusa ao sistema econômico mantido por nós, dos estados nacionais. Sendo assim, os Mura Pirahã expressam um extraordinário esforço por suportar contato com nosso sistema de exploração do trabalho humano e consumo estúpido, ou patológico, dos recursos naturais.


Aldeia Patakuá Deus É Bom. Primeira reunião em 23 de fevereiro de 2014.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

o povo no poder é nosso destino

papo reto.
1 em cada 3 pessoas boicotou as últimas eleições em Florianópolis. ou votou nulo, ou branco, ou não foi votar. 33% é muita gente para um momento em que a proposta de mudança do sistema político estava só começando, nem eu esperava tanto.
bem... é óbvio que agora, para as próximas federais a situação será alarmante. o povo brasileiro tem paúra de políticos. e a situação será estremecedora, o que que nos garantirá fôlego de sobra para reestruturar as administrações públicas para as próximas eleições para prefeito, que acontecem em 2016.
o povo no poder é nosso destino.
não precisa ser vidente para reconhecer esse destino. o óbvio deve ser, no mínimo, respeitado. para bem ou para mal, a falta de confiança no povo foi cultivada por milênios na história dos impérios. mas, o sofrimento é de quem sofre... 

então, sugiro que as pessoas que marcam em suas expectativas algum "perigo", aceitem que estamos fora do controle de grupos minoritários, mesmo que as corporações controladoras da grana permaneçam atuantes, isso está em franca decadência. talvez, seja menos "perigoso" e mais inteligente aceitar que estamos fora do controle de grupos minoritários, por que o caminho é chegar lá, quero dizer, estamos no caminho para a descentralização dos poderes econômicos e políticos e isso é estar fora do controle.
algumas pessoas apresentam dificuldade em compreender como um caminho saudável o fim dos controladores. 

o fim de grupos facciosos no controle é a emergência da consciência nos tempos da comunicação livre!!! tenho certeza que será dia de festa e alegria o dia em que tomarmos consciência dos resultados, o dia em que esse boicote emergirá para a realidade como números da contagem dos votos, um

FATO HISTÓRICO!

confiar na inteligência do povo, depois de milênios de opressão, ainda é, para mim, o caminho de maior sabedoria, quero dizer da sensatez que considera os domínios da realidade para mal e para bem. especialmente quando estamos nos tempos de comunicação livre, uma nova condição física, que nem o mais louco dos psicopatas sociais é capaz desejar o fim.
vejamos esse fato enquanto fato histórico tendo como perspectiva as transformações contemporâneas, do modo como elas estão acontecendo! E vejamos esse fato enquanto fato político, econômico.

políticos serão eleitos, independente do boicote?

imagino que sim. mas isso é muito menor do que o poder da união do povo brasileiro nas urnas, da repercussão internacional de nossa inteligência, pacífica e libertadora, iso nos dará forças para a mudança, inteligente e necessária do sistema.
a transformação completa do sistema é uma questão de tempo. bem, é normal que muitas pessoas tenham dificuldade, essa é uma situação nova!
se existe algo em transformação para a melhor essa mudança faz parte de todo o contexto de transformações para melhor. vamos fortalecer os movimentos pacíficos, minha única receita é a união do povo brasileiro em movimentos pacíficos. aproveitarei esse momento maravilhoso e comemorarei, com o povo, esse boicote. como já comemoro cada pequena mudança cotidiana, que temos o prazer de viver com mais segurança e em maiores proporções a cada dia que passa em meio a luta, também cotidiana, para melhorar o dia.
BOM DIA REDE!!! AVANTE! EM PAZ, COM AMOR E SABEDORIA!

a gente sempre sabe quem está por trás da máscara.


DESARTICULANDO HACKERS. conhecimento público sobre a estrutura da rede

estou livre dos hackers, finalmente. isso em meu perfil pessoal. além do perfil da Marcha Xingu Vivo estar sendo atacado, temos algumas amigas sendo atacadas e precisamos acabar com os hackers, por bem, ou por melhor ainda. entendendo hacker como alguém que faz algo quebrar.
são em menor número e eles/elas são burras/os, nós somos inteligentes. para atacar redes sociais hackers devem ser pessoas com traços graves de psicopatia, toda pessoa psicopata necessita de atenção. é isso que ela pretende alcançar quando enjaula outra pessoa em suas armadilhas de controle.
essa gente que perde tempo com desrespeito sabe menos que o básico. isso é diferentes de subestimar hackers, é preciso que nós assumamos o trabalhohar.
e vamos compartilhar resultados fundamentais para desarticular hackers, e formar uma grande comunidade online que tenha por fundamento o respeito. isso não é coisa para os estados nacionais, isso é propriedade nossa. então, vamos colocar ordem aki, na nossa casa. nós somos 99%.
é preciso desarticular não só as manipulações acompanhadas individualmente, mas também limpar da rede os vírus, o que já tem acontecido, mas de modo insuficiente quando queremos interagir em paz. essas invasões esgotam nossas energias, posso citar a minha experiência como exemplo. estive afastada da rede por não suportar a presença constante de psicopatas invadindo meu perfil.

[em edição]

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

SE FOI BLACK BLOC, FOI ACIDENTE



Uma mensagem endereçada às/aos cariocas, que estão, para mal ou pra bem, quase sempre na vitrine, mas essa mensagem serve pras/os paulistas, pras/os nordestinas/os, pras/os sulistas, mineiras/os, para todo país de norte à sul.

Esse texto escrevi com o desejo de contribuir para pensarmos sobre a criminalização dos BBs. Sou e sempre fui contra atos de violência, mas estive com os Black Bloc e reconheço a beleza do amor à vida em cada pessoa BB com quem convivi, com ou sem máscara. Estive com os braços cruzados à corrente humana, e estive com essa gente pedindo pela paz nos movimentos sociais, pois defendo o princípio de que quem realiza ações produtivas, inteligentes e eficazes em movimentos pacíficos, sempre esteve e sempre estará com os pés plantados na terra e com vida longa. Quero vida longa e transformação completa desse sistema, isso pede coerência. firmeza, continuidade, o que frutifica na paz.
Espero que o que consigo expor seja de proveito pela maturidade do movimento.

Violência e Merda

Se compararmos violência à merda [...]
Quero dizer que a gente corre o risco dessa coisa espirrar pra todos os lados. Por isso sou a favor dos movimentos pacíficos, sou a favor de parar com toda e qualquer violência nos movimento sociais. Mas, agora que os BB estão sendo criminalizados, sou a favor da proteção aos Black Bloc enquanto parte do mesmo movimento político e econômico ao qual pertenço e defendo "poder para o povo" (BB, rio de janeiro http://www.youtube.com/watch?v=Zo5XYfRYXsc ), Defender dentro dos limites que a vida social sugere para respeito mútuo e dignidade, o que, em parte, pode ser visto na lei, porque a lei é passível de interpretação e nunca será capaz de entender tudo que o futuro nos reserva, por antecipação. Então, a cada dia que passa, estamos reinventando nossas leis, precisamos nos unir para defender o que de melhor acreditamos.


Quem são os Black Bloc?
Aliás,. agora o Brasil sabe quem são os BBs, um é auxiliar de limpeza num hospital, o outro... nem lembro, é estudante? alguma coisa assim... em nada se assemelham a assassinos.
Nenhum BB quis matar um cinegrafista, Black Bloc.
Estudos etnográficos, que são a maior parte das teses escritas por doutorandos em antropologia no Brasil, evidenciam que toda a identificação entre várias pessoas, que se sustenta em experiências compartilhadas e em diferença a outros grupos já identificados como grupos, ou seja, em fronteiras, é também, ela própria um grupo, a vida social em compartilha é o grupo, ou entre grupos, aparece como sistema binário, pode-se considerar um estruturalismo que serve ao entendimento das relações sociais, para quem gosta de Levy-Strauss. Bem, pensando a partir da Antropologia Social, essa ideia de que Black Bloc é vida social compartilhada, identifica, caracteriza um grupo, o que nas imagens do filme podemos notar muito bem em cada pessoa que filma, fotografa, interage com Black Bloc durante todo o percurso. "O Black Bloc é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo", é o que me faz afirmar as ações Black Bloc, no Brasil, e também nos registros sobre Black Bloc na Alemanha, evidenciam a identidade diferenciada enquanto grupos, mesmo que algumas pessoas, dentro do grupo, acreditem que não sejam um grupo, ou vários grupos em vários lugares e situações, Black Bloc é grupo social com identidade própria, que pode ressurgir com outro nome, outra face, se o grupo considerar que o que a estratégia deve ser transformada. Isso afirmo por que meu trabalho cotidiano e estudos, estão comprometidos pelo esforço para o entendimento da vida social.

O Black Bloc, como podemos ver no filme, num momento de reunião do grupo em ação enquanto grupo com identidade diferenciada e reconhecido por todas as pessoas que nos viam, e registravam imagens, é um grupo identitário, e eu fiz parte daquele grupo, exatamente como está registrado no filme. O Black Bloc é aquele texto, aquele movimento e comprometimento enquanto grupo, e o argumento sobre o Black Bloc enquanto "tática" é uma estratégia de proteção para o grupo.
Mas, neste momento, está na hora de encararmos a realidade, falo aguçarmos nossa capacidade de compreender que o que, neste caso, me faz saber que o BB é um grupo como "tática" e para além dela, não foram os debates em Antropologia Social, foi o grupo BB do qual fui parte no momento em que estive com os braços formando a corrente uma humana de proteção à manifestação dos professores no Rio, em 07 de outubro de 2013, e que pode ser visto no filme do Blogspot. Estava sem máscara, digo isso no texto que acompanha o filme no Youtube.
É bom lembrar que também é óbvio que continuo sendo parte do grupo, isso se faz evidente no simples fato de estar aqui, comprometida em defender e evidenciar a inteligência que emerge das relações no grupo. Não há diferença entre a Antropologia e Black Bloc, ambos disfarçam máscaras, e sempre sabemos quem está por trás da máscara. Então, para a Antropologia, a ideia "Somos todxs nativos"  sugiro que deixe de ser uma conversa teórica para se transformar em uma ação política, econômica, numa reorientação da epistême da Antropologia, o que se desdobra em estratégias de análise que nos coloquem como sujeitos do conhecimento antropológico, tanto quanto "os outros". E, por ser BB, nas condições escolhidas por mim, o que revela a característica que mais amei, podia ser quem eu era, sem máscara, e assumir a posição política que acredito, e não ter medo de ser Black Bloc sem máscara. Mas, havia um amigo que também não usava máscara, ele foi para no Bangu logo depois da manifestação do filme do dia 07.
E estava sem máscara, tanto no dia 07 de outubro do ano passado como hoje, defendo a transformação das estratégias do grupo para um movimento guiado pela inteligência e pela união, mais do que evidente na posição que assumimos, nos braços entrelaçados, na proteção pelos escudos. O grupo Black Bloc é um grupo de proteção e me senti protegida dentro do grupo, bem no meio, mulheres e homens mascaradas/os ao meu redor, homossexuais e heterossexuais, das favelas e do asfalto, gente de diferentes lugares, de dentro e de fora do Rio de Janeiro, os rostos cobertos, sou Black Bloc que pede pela paz, pela dignidade, pelo respeito que recebo desde meu grupo identitário.
"o professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo"
Quem quiser e ver debates apresentados pela antropologia antropologia feita por gente nascida e criada neste continente, quero dizer, e que, portanto, tem a perspectiva dos olhos desse espaço de vidas e conflitos sociais, veja textos sobre fronteiras escritos por Roberto Cardoso Oliveira. Ele fala em "fricção interétnica", pois a identidade dos grupos sociais na análise dele era colocada em evidência enquanto grupos étnicos, consideremos que, no momento em que o senhor Cardoso Oliveira estava vivo e trabalhando, a maior parte das discussões ainda se pautava na distância entre "nós" e "os outros" a partir da ideia de "etnias" para escrever sobre "os outros", nessa ocasião aconteceu ate a previsão do fim da Antropologia, o que foi afirmado até pelo famoso Levi-Strauss. Hoje as misturas, aproximações e até as diferenças são apresentadas pelos estudos em Antropologia Social, a partir de análises que evidenciam dinâmicas, processos, características mais sutis para as relações entre grupos, pois as diferenças estão sendo compreendidas pelas/os antropólogas/os enquanto grupo social, de uma perspectiva mais sutil que se esforça por navegar da fronteira à mistura como inseparáveis dos grupos às identidades individuais.
Neste Continente Ancestral Indígena, isso pautava-se, especialmente, a partir do contato entre os povos indígenas e os invasores não indígenas, da perspectiva indígena; entre os indígenas e os donos do mundo, da terra, da verdade, da beleza, da força, da inteligência, da vida e da morte, da perspectiva dos não indígenas, considerando a violência que persistiu por séculos e contra os Povos Indígenas, nossos ancestrais. Somos os novos índios e os conflitos entre diferentes grupos alcançou dimensões microscópicas na vida cotidiana, por que não somos os novos índios, somos a mistura, a miscigenação, o encontro físico das diversidades humanas.
Entendo que a assimilação desses conflitos que envolvia, por exemplo, estupro, morte - aqui quero me colocar em evidência como parte dos grupos sociais em relação na análise: em minha família, tínhamos como referência para nossas atitudes que é preferível morrer, ou matar, a ser submetida a um estupro, e casos de violência sexual contra crianças, meninas, muito jovens e mais frágeis, então o destino era a morte do estuprador, por assassinato, ou, linchamento - foi obviamente muito difícil.
Mas,
do lodo nasce a flor de lótus. e este é o nosso momento de florescimento, basta que tenhamos a sensatez de verificar a história "oficial" do nosso passado encontro colonial, assim como, do nosso passado, preservado por nossos antepassados europeus e orientais. Ou seja, para além do Continente Ancestral Indígena verificamos o que consideramos, de modo geral, a monstruosidade insustentável da vida social cotidiana nos impérios Ocidentais e Orientais.
Este é o momento em que conseguimos articular, em grupo e coletivamente, as heranças da violência daquele encontro entre nossos antepassados indígenas e nossos antepassados não indígenas, nas nossas vísceras em situações com intensos vínculos psíquicos e afetivos, falo da violência especialmente vinda do Ocidente, pois os povos migrados ou roubados à força da África compuseram encontros de amor e parceria, pouco relatados, o segredo nos protegia. Índias/os e negras/os obviamente tiveram uma maioria de encontros felizes, principalmente antes das/os negras/os passarem a fazer parte do mundo dos "brancos", em oposição os "mundo dos indígenas", a prioridade para as relações era proteção que nos poupasse do desejo de dominação e violência dos povos europeus, para isso surgiram as parcerias, os vínculos de amor e amizade, como uma frase inteira que poderia ser divida em duas.
Afirmo que os Black Bloc, nesse continente ou noutro são grupos identitários, e que neste continente os Black Bloc foram uma busca por estratégias para resolver a herança dos conflitos vividos por nós, nas diversas formas de compreender as relações entre homens e mulheres, entre homossexualidade e heterossexualidade, entre as plantas e as gentes, entre o espelho e os olhos.




Porque se foi um BB foi acidente?

COMPARANDO BLACK BLOC A UM MOTORISTA DE RACHA ENTRE CARROS

Um amigo fez essa comparação, o que é bom para pensarmos. Bem, assassinatos em rachas são considerados homicídio doloso, por que o BB seria diferente???
Black Bloc faz parte de um movimento político, econômico e histórico com propósitos explícitos, e entre esse movimento não está o propósito de assassinato. Então, não estamos contra a tática BB, estamos contra a estupidez de dois BBs, se é que foram eles...
Se considerarmos esse assassinato como sendo resultado da participação desses homens na tática BB, então devemos considerar:
1. Um racha é muito diferente de uma mobilização social feita por um auxiliar de limpeza de um hospital, ou um estudante. Um racha não tem propósito político, não tem sede de dignidade, não sofreu diversos tipos de violência contra as quais está reagindo. Um racha é um abuso de poder, temos um carro, logo temos o direito de acelerar no meio do povo, e estamos nos deliciando com essa adrenalina??? Isso é homicídio doloso, as pessoas que praticam racha reconhecem que isso pode matar antes de agir. Nunca ouvi de um BB que existia a possibilidade de alguém morrer numa ação, a não ser que fosse por ação da polícia... (ouvi boatos de que isso aconteceu, no início de outubro, teria sido um atropelamento de um BB por um carro da polícia no Flamengo, alguém tem mais informações sobre isso?).
2. Considerando que o BB faz parte de um conjunto de movimentos políticos, econômicos, situados na História da Humanidade, devemos ressaltar que
ATÉ HOJE NUNCA UMA AÇÃO DO BB NO BRASIL RESULTOU EM ASSASSINATO, aliás nem de agressão física à qualquer pessoa.
Então, podemos até dizer que, daqui pra frente, qualquer ação desse tipo pode ter como resultado homicídio doloso, se esse homicídio foi causado por um BB, então a tática BB passa a ser entendida como uma tática que pode provocar a morte. Mas, dessa vez foi homicídio culposo, nunca aconteceu um acidente desse tipo no Brasil e, pelo que sei, também nunca aconteceu isso fora do Brasil.
Quem provocou essa morte deve ser julgado pelo que fez, seja lá quem for, mas no caso dos BBs as condições históricas e o fato de isso nunca ter acontecido até então, define a situação como homicídio culposo, ou seja, NÃO TEVE INTENÇÃO DE MATAR.
Mas, se a situação foi resultado de um P2, polícia infiltrada, por não ter ser a primeira vez que policiais matam pessoas em manifestações, deve ser considerado homicídio doloso, pois um policial não deve estar num movimento para causar pânico e intensificar o quebra quebra provocado pela ação dos BBs; vamos ver o contexto.
Aliás vamos ver os contextos, no plural, pois são muitos e em vários sentidos se aprofundarmos a questão para os BBs do Rio de Janeiro, a situação cotidiana do povo carioca.

Esse advogado de "defesa" está aceitando a acusação como homicídio doloso, considero isso um absurdo, ou uma falta completa de capacidade para defender os BBs. Mas, não acreditamos em inocentes, especialmente agora que estão usando os BBs para a velha disputa entre partidos, como sempre fizeram com os movimentos sociais no passado.

PARTIDOS SEMPRE USARAM MOVIMENTOS SOCIAIS PARA DISPUTAR

Até então, conheci, pessoalmente, situações em que o resultado da promoção de violência aparece como uma estratégia da "oposição" para acusar a "situação". O "Caso Pinheirinho" foi uma situação em que tive a oportunidade de ouvir das próprias pessoas durante o movimento, estava em São Paulo passando com o grupo da Marcha Xingu, que a violência foi atiçada por esse propósito, pois a população da comunidade esteve desamparada, sozinha, logo depois que a merda aconteceu, e ainda foi submetida como carniça ao espetáculo de manipulação das mídias de massa, que ainda eram creditadas como "centrais" para a comunicação, até mesmo por ativistas que estavam comigo.
Os argumentos é que, mais uma vez, a "oposição" conduziu uma situação absurda de conflitos para ter argumentos para ganhar votos nas próximas eleições.... essa não foi uma narrativa que trouxesse alguma coisa nova, essa interpretação já era bastante argumenta pelos ativistas em movimentos sociais como um risco da presença das "oposições".  Hoje, pelo contrário, estamos assistindo a "situação" acusando a "oposição"!!! Uma mera inversão de papéis, o que me faz radicalizar na análise da identificação do/s responsável/eis pela morte do cinegrafista, o que não pode mais acontecer.
Entendo que só conquistaremos uma situação estável de liberdade de expressão e ação nos movimentos sociais, ou seja, só vamos fazer essa gente se recolher a seus mínimos lugares, os "políticos", quando os povos estiverem nas ruas, unidos, reorganizando o sistema de administração política e econômica de nosso país. Antes disso, ações de violência só fazem justificar a violência que existiu, e ainda existe, no rio e em todo país, por isso sugiro um dossiê.
Outros contextos em "mundos" plurais em nosso país

Considero importante reconhecermos algumas diferenças para a vida social em diferentes locais e regiões do país, assim como, para diferentes grupos sociais. Devemos encarar que precisamos trabalhar pela aproximação entre diferentes, e isso só poderá ser feito quando reconhecermos as diferenças que nos separam.
Para quem vive entre flores e lençóis limpos - e todo o movimento social do qual participo pretende que o direito a lençóis limpos e flores seja para todxs - o resultado pode parecer o mais importante, pois, como eu, já diziam que não queriam ações violentas dos BBs. Mas,os parâmetros podem ser outros para quem vive entre fedores e lençóis mofos, entre armas sendo apontadas diariamente, com a violência cotidiana (estive observando, enquanto estava no Rio, que todas as pessoas que vivem nas favelas tinham amigos ou parentes que haviam sofrido morte ou grande violência, bem o índice é altíssimo em toda a cidade). Tiive a "oportunidade" de viver na ocasião de treinamento do choque entre crianças nos becos da comunidade Tavares Bastos, no Rio de Janeiro, fuzis apontados na minha direção, horrível... daí a coisa é diferente. Mas... eles treinam apontando armas, foi a primeira ver que tive um fuzil apontado na minha direção! O as crianças podem fazer??? Uma manifestação!!! Mas a coisa não é assim... as crianças "tem que" aceitar isso.
Considerando esse contexto, absurdo para mim que nunca tive um fuzil apontado na minha direção, rojão não é entendido como uma arma para matar numa ação de um auxiliar de faxina, se é que foram eles que fizeram isso, lembremos que há quem investigue o fato de outra perspectiva e questione o fato, há quem esteja dissecando as imagens e seguindo outas pistas.
Mas, se foram eles, sim, que sejam julgados. Nas, não havia intenção de matar. Isso para mim é evidente. Era sinalizador, assisti muitos fogos de artifício serem acendidos durante as ações dos BBs, pareciam um espetáculo pirotécnico, e o povo ao redor, assistindo, como se estivessem na arena do Boi Bumbá em Parintins, assistindo os espetáculo dos Bumbás, ou os fogos da virada do ano em Copacabana, aliás, haviam pessoas que jogavam bombinhas de festa junina nas fogueiras. Concluí, os BBs estão nas ruas por que o povo não está se incomodando com isso... não muito. E havia divisão nas posições, mas a maioria apenas reclamava, e lembravas pessoas admiravam, assistiam.
Bem, vamos ver o que acontece nas trajetórias individuais desses BBs. Não concordo com ação de violência, mas considero isso uma oportunidade de transformação dessas pessoas nos movimentos sociais, que eles mudem e continuem nos movimentos, de outro modo, outro jeito. que isso sirva de lição e mudem de estratégia, acredite no poder da inteligência e sejam mais inteligentes, e compreendam que o caminho da vida digna é simples, é a própria vida digna, e isso eles já tinham antes do BB. isso também é evidente. a pressão é grande, mas eu estou aki para contribuir para a mudança.

Então,
pessoas, pra fazer um movimento que reúna a população é ÓBVIO que devemos ultrapassar essa camada de "merda" que nos cerca.
Ainda que alguém deva continuar mexendo da merda, exaurindo energia criticando esse ou aquele partido, essa ou aquela emissora de tv aberta (que nem menciono nomes, tamanho desprezo que tenho por essas quitandas de carne humana à varejo) é fundamental que existam pessoas que se coloquem para além dessa coisa fétida. e para isso precisamos sair do lugar de embate para o lugar da consciência. Precisamos acreditar na consciência e simplesmente expor os fatos. Temos NADA a temer quando encaramos as coisas como elas, sem reproduzir esse fascínio doente pela manipulação.
Entendo que a honestidade e transparência é o caminho do sucesso de gente que luta pela população. É preciso permanecer inabalável na honestidade e nunca teremos erros ou confusões que não sejam resolvíveis. Acho que essa é a maior lição para quem assiste essa dança dos urubus no caso daquele rojão que atingiu o cinegrafista daquela empresa de lucros privados, como muitos de nós, ele trabalhava para uma dessas empresas. E, se foi um black bloc que acionou aquele rojão, foi uma merda que deve ser assumida, é obvio. E é óbvio que um bb não sai de casa pensando que as ações podem matar pessoas, vi o policiamento das ações, entre os próprios BBs, como meninos que quebravam orelhões foram barrados por outros maiores, na ocasião de eu reclamar com o menino por ele estar batendo no orelhão. Mas, é óbvio também que a ação dos bb tá fazendo merda, merda muito feia, e esse acidente ou essa intervenção de "infiltrados" (há quem afirme isso) era previsível que acontecesse. Realmente não imaginei que fosse resultar na morte de alguém, pensei sim, que fosse acontecer algo em algum momento, mas não esperava uma morte...
A certeza que tenho é de que o momento não é de quebrar coisas, de machucar pessoas, o momento é denunciar e renunciar a violência, e negociar relações econômicas e políticas a partir da conscientização da população, da reunião do povo. O momento não é de invasão do exército no morro do alemão, nem de chacina na candelária, estamos em outro momento. Entendo que é fundamental trabalharmos para paralisar qualquer tipo de violência, seja ela qual for. Eu quero, e sei que a grande maioria da população brasileira quer, garantir meus direitos sem por em risco a vida de filhas/os, amigas/os, amores, ou a minha própria. É hora do povo das favelas renunciar violência com a finalidade de parar com a violência. É preciso que o amadurecido e sofrido povo do Rio de Janeiro assuma o poder sobre suas próprias vidas, pelo caminho da união/amor e da inteligência. É hora de unir, chega de dividir. unir o povo, partido é parte, é facção. A atenção deve continuar focada nos interesses imediatos da população. E esse carnaval de urubus continua atrapalhando o que é mais importante, as reivindicações da população, exatamente porque alguém está abrindo espaço para esses urubus, no caso, as ações de depredação dos BBs estão colorindo as notícias e tirando a atenção para o que devíamos dar atenção: as reivindicações da população estão sendo fundo de palco dessa dança de urubus, e queremos, desejamos e trabalhamos para o contrário. Quem não está trabalhando a favor está trabalhando contra, esse, infelizmente é o caso dos BBs, nem que seja pelo motivo de dar espaço para um infiltrado entrar e fazer merda e, ainda, acusar um BB.

IDIOTAS - infelizmente, resta ouvir isso, há quem os chame assim... e dizem que "a qualidade emerge dos fatos. Se os fizeram a merda, são idiotas, se não fizeram e estão sendo acusados, também são idiotas". se não identificados como IDIOTAS antes, estão sendo identificados como IDIOTAS, depois.
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-  "eu sou um coelho"
- "muito prazer", disse a raposa (saint exúpery)

Para o pessoal que está na linha de frente do movimento, sugiro tomar posse de um projeto de dossiê.
Está mais do que na hora de um dossiê:

Mortos na R-evol-ução no Brasil [2011-2014]

Filmes, textos, fotos, isso é Urgente. e muito importante.
Cadê? Quem tem grana/estrutura pra fazer essa coisa? Isso tá demorando DEMAIS.
Vamos às estatísticas, aos números, às quantidades e qualidades das mortes, quem são as vítimas, quem são os assassinos, como essas mortes aconteceram.
Precisamos ultrapassar esse festival de interesses facciosos: a dança dos urubus sobre a carniça podre.
um dossiê, feito por gente digna, deve ser dos melhores remédios pra ultrapassar essa dança de urubus podres.
Consciência é obviamente razoável.


Consciência do veneno é antídoto, então, que pelo menos seja um dossiê da R-evol-ução [2011-2014] no Rio de Janeiro.
Vamos ampliar o foco. os movimentos sociais são pela paz, e, com ou sem black bloc/políticos/partidos, o que interessa são as reivindicações do movimentos sociais: e só.
Precisamos reorganizar o sistema, de sistema representativo (com políticos, os "representantes que decidem por seus eleitorxs") para um sistema político por auto representação (sem representantes, sem políticos), Isso significa que o povo deve ter voz e voto, decidir e propor. Essa reorganização do sistema é a meta do povo no poder, e isso deve começar a partir nas próximas eleições municipais. Devemos ter organizados os bairros e comunidades, do leblon à baixada fluminense, passando pela linha vermelha, por jacarépagua, pela urca, por todos os cantos do rio, classe média ou classe operária, não interessa, o poder decisão deve estar nas mãos da população. O Rio de Janeiro é grande e para unir o povo do carioca, que são todos, só uma proposta apartidária que foque o poder nas mãos do povo, através da inteligência em movimentos sociais que tenham por propósito a garantida da segurança de todos que reclamam seus direitos.
Violência e partido, hoje, seja de onde vier, seja de quem for, quando infiltrada nos movimentos sociais, só atrapalha.
A inteligência coletiva é nossa melhor estratégia, a união do povo é nosso poder.
Vejam só, os países do dito "primeiro mundo" já começaram a articular ações para acabar com a existência de políticos. O caminho deles parece mais confortável, é claro, mas o nosso conforto aqui, será a mudança no sistema. E se eles podem propor isso lá, nós podemos realizar isso aqui.

http://ecodiario.eleconomista.es/politica/noticias/5194365/10/13/Adios-al-Senado-como-guarderia-de-politicos-o-retiro-dorado-el-plan-de-Irlanda-para-eliminar-la-Camara-Alta-y-meter-en-cintura-a-los-politicos.html?utm_source=crosslink&utm_medium=flash

*** perdoem erros ortográficos ou gramaticais, estou trabalhando sem alguém que revise os textos, e a soma de trabalho é grande, neste instante, estou cansada para revisar, e, em grande medida, satisfeita com a possibilidade deste resultado ser suficiente para motivar as críticas necessárias.